terça-feira, 30 de junho de 2015

Depoimento de uma buc*tuda

A mulher que nunca ouviu "fiu-fiu" na rua que atire a primeira pedra. Estou habituada a ouvir enquanto ando na rua, "bom dia/boa tarde/boa noite morena"; uns barulhos de bitocas nojentas; "você é linda, sabia?!"; "ô, morena", "nossa" com uma voz escrota de taradão de boteco e por aí vai. Mas hoje, pela primeira vez na vida, fui obrigada a ouvir "bucetão". Bem, antes isso que ser surda. A minha reação? Nenhuma. Minha vontade? Tampar uma pedra naquele carro cheio de porcos machistas dentro. Quer olhar? Bem, não posso retirar seus olhos (ou posso). Olhe em silêncio, calado. Zip.

Saibam que a autoestima de uma mulher não se eleva nem um pouco ao ouvir comentários desse tipo vindo da boca de desconhecidos mundo afora. O que você, homem, pretende ao defecar merda pela boca? Acha mesmo que a "gostosa bucetuda" vai se derreter em seus braços? Ilusão. Sabe de nada, inocente. O que sentimos por você é nojo. O que senti hoje foi exatamente isso. Constrangimento também.

Em situações como essa a mulher sempre se dá mal. Se reage, xinga ou faz gesto obsceno é no mínimo mal educada. Usar roupas consideradas curtas ou sensuais servem de justificativas para o ato. Pois saibam vocês que sensualidade não fez parte nem de longe do meu modelito.
Diariamente, somos vítimas de desrespeito nas ruas. Nos restam, apenas, continuar engolindo esse amargo e esperar que a mentalidade machista e patriarcal da sociedade se extingue. Não desanime, estamos evoluindo. Só peço a você mulher que jamais se cale!

E homens, acreditem, existe sim algum lugar e momento em que ser chamada de gostosa pode ser fascinante - bem longe das ruas.

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